quarta-feira, 6 de abril de 2011

Justiça decreta a prisão do vice-prefeito de Olinda Nova

‘Tonho de Gentil’ (PSC) e o irmão dele, o fazendeiro ‘Manoel de Gentil’, são acusados de serem os mandantes do assassinato do líder quilombola Flaviano Pinto Neto, ocorrido em outubro do ano passado, em São Vicente Férrer
POR OSWALDO VIVIANI
A Justiça do Maranhão decretou as prisões preventivas do vice-prefeito de Olinda Nova do Maranhão, Antônio Martins Gomes, o “Tonho de Gentil” (PSC), 51 anos, e do irmão dele, o empresário e fazendeiro Manoel Martins de Jesus Gomes, o “Manoel de Gentil”, 53. Eles são acusados de serem os mandantes do assassinato do líder quilombola Flaviano Pinto Neto, 45, ocorrido em 30 de outubro do ano passado, no povoado Charco, em São Vicente Férrer (município vizinho a Olinda Nova, na Baixada Maranhense). Até o fim da tarde de ontem, nem o vice-prefeito nem “Manoel de Gentil” haviam sido localizados pela polícia. A juíza Odete Maria Pessoa Mota, titular da comarca de São João Batista, foi a autora dos pedidos de prisão.
Também tiveram suas prisões preventivas decretadas, por participação no mesmo crime, o ex-policial militar Josuel Sodré Saboia – já preso desde o dia 2 de fevereiro deste ano – e Irismar Pereira, o “Uroca”, igualmente detido.
Flaviano Pinto Neto era presidente da entidade quilombola Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado Charco. De acordo com a polícia, a disputa entre os quilombolas e o “grileiro” “Manoel de Gentil” por uma área de 1,4 hectares de terra – conhecida como “Fazenda Juçaral” – foi a motivação do assassinato de Flaviano. Ele liderava a comunidade de cerca de 70 famílias quilombolas da comunidade do Charco que desde 2005 lutam pela titulação da área.
Segundo a polícia, Flaviano foi assassinado com 7 tiros, depois de ser atraído para uma cilada pelo ex-PM Josuel Sodré Saboia.
Irismar Pereira é apontado pela polícia como o executor do homicídio. Ele foi preso no dia 5 de janeiro passado, mas sob a acusação de mandar matar o motorista Ronielson Lima Pinheiro, o “Roni”, 28. O crime aconteceu em 14 de setembro de 2010, e teria motivação passional.
Manoel Martins de Jesus Gomes, o “Manoel de Gentil”, já havia sido preso em 22 de fevereiro passado, também em cumprimento a um pedido de prisão da juíza Odete Maria Pessoa Mota.
Um dia depois, o desembargador Antonio Fernando Bayma Araujo concedeu um habeas corpus ao acusado. Para Bayma, a prisão do suspeito não se fazia necessária, uma vez que a apuração dos fatos já havia sido realizada, além de “Manoel de Gentil” não atuar, segundo o desembargador, para prejudicar as investigações.
Ouvido na época pelo Jornal Pequeno, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA), Luís Antônio Pedrosa, afirmou que a decisão do desembargador Bayma demonstrou como funciona o sistema de Justiça do Maranhão. “Rico não fica na cadeia”, disse Pedrosa.

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