segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dois deficientes são impedidos de fazer o concurso do TJ-MA , que aconteceu Ontem 29/05


Dois deficientes visuais não puderam fazer prova para concurso do TJ-MA, na manhã de ontem. Manuel do Valle, 51 anos, é estudante de direito e pleiteava o cargo de analista de direito, enquanto a assistente social Adriane Santos tentava ingressar na área de assistência social, no cargo de analista judiciário.

No ato da inscrição eles requereram um ledor, aparelho específico para ler provas, um transcritor para transcrever as respostas para o gabarito, uma prova ampliada com a fonte da letra maior, e uma hora a mais de duração para realização das provas. Ambos foram informados no local, o colégio Master no Felipinho, que tiveram seus pedidos indeferidos. Os dois, coincidentemente, iriam ficar na mesma sala e chegaram a entrar no local.

“Quando cheguei na sala, percebi que não havia uma cadeira para o ledor, então perguntei onde estava o ledor e a cadeira. Soube que eles não tinham providenciado nem um, nem outro.”, relata Manuel Valle.

Os dois estavam extremamente constrangidos, Adriane disse nunca ter passado por tal situação, enquanto Manuel disse que isso já aconteceu uma vez e foi muito frustrante. Ele ainda afirma que não deixará isso passar em branco e vai atrás dos seus direitos.

“Eu fiz tudo nos conformes, tudo como pedia no edital. Havia uma clausula no edital informando que nós podíamos preencher um requerimento pedindo o que fosse necessário. Eles disseram na hora que o indeferimento do pedido foi disponibilizado na internet, mas uma coisa desse porte não pode ser avisada dessa forma.”, afirmou Manuel.

Adriane relata ainda que a equipe do concurso demorou mais de 15 minutos para avisá-los da rejeição do pedido e que quando a resposta chegou, os concorrentes já tinham iniciado a prova. Ela estava com toda a documentação, comprovando os pedidos.

“A coordenadora do local chegou e nos avisou que tinha falado com o coordenador geral que organiza o concurso para o TJ-MA. Ela disse que o pedido foi indeferido. Isso tudo após o sinal tocar e a prova já ter sido iniciada. Mesmo eu mostrando os documentos e provando que tudo foi pedido, o problema não foi resolvido”, disse Adriane.
A equipe de O Imparcial tentou entrar em contato com a coordenação do concurso, que foi realizado pelo Instituto de Estudos Superiores do Extremo Sul – IESES e com o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA). Após ligar para seis números, a equipe não conseguiu falar com ninguém que pudesse explicar o ocorrido.

Fórum Maranhense das Entidades de Pessoas Deficientes
A alguns quilômetros do bairro do Felipinho, no bairro Araçagy, era realizado o Fórum Maranhense das Entidades de Pessoas Deficientes e com Patologia, que visa combater o descaso para com os direitos das pessoas deficientes e com patologias e ainda, eleger sete conselheiros para atuarem em conjunto com o estado pelos direitos dos deficientes.

O tema do Fórum foi “Sou Fórum, sou apaixonado pela vida, eu luto!” e teve como ideal trabalhar questões como a carta de princípios, o planejamento para 2011 e 2012 e a eleição de 7 conselheiros.

O evento contou com a presença de alguns representantes do governo estadual, como a secretaria adjunta dos direitos humanos, Nilda Turra e a secretaria adjunta para assuntos institucionais, Berenice Gomes.

O presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Jerônimo Cavalcante, explicou que é muito importante que a população saiba os direitos e benefícios que o deficiente possui, inclusive as autoridades, pois o presidente afirmou que na esfera pública, há pessoas que ocupam cargos sem ter o menor conhecimento de causa. Ele ainda reitera que existem três pontos relevantes sobre a discussão: o desenvolvimento social, os direitos humanos e a saúde.

“As pessoas precisam saber que em filas o deficiente tem a preferência. A saúde é outro ponto crucial, uma mulher deficiente física, por exemplo, não tem condições de fazer uma mamografia”, disse Jerônimo.
Fonte : Lucas Hadade

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